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Archive for the ‘Tecnologia e Educação’ Category

Escola incentiva alunos e professores a produzirem REA

Logo PioneiroA experiência de produção colaborativa do ensino médio do Centro Educacional Pioneiro baseada em Recursos Educacionais Abertos e no trabalho coletivo é a segunda de uma série de reportagens que o Portal PorVir está realizando sobre o Ensino Médio brasileiro.O Porvir é uma iniciativa do Inspirare, instituto que busca inspirar inovações em iniciativas empreendedoras, políticas públicas, programas e investimentos que melhorem a qualidade da educação no Brasil. Leia a matéria abaixo (créditos: PorVir, texto licenciado em CC-BY).

ESCOLA INCENTIVA ALUNOS E PROFESSORES A PRODUZIREM REA

Centro Educacional Pioneiro está adotando os REA, Recursos Educacionais Abertos, no ensino médio. Desde ano passado, as publicações dos alunos como revistas, catálogos e livros de contos estão sendo produzidas com base nesse conceito de uso livre. O projeto, ainda piloto, prevê a criação de um repositório virtual para abrigar e disponibilizar, abertamente via Creative Commons, os trabalhos coletivos produzidos pelos professores e cerca de 60 alunos de ensino médio. A ideia é que qualquer pessoa possa usar os materiais, fazer cópias na íntegra ou remixar pedaços para adaptar os conteúdos à sua realidade local (Porvir já fez uma matéria comemorando os 10 anos de REA).

“Os alunos da escola sempre tiveram uma produção de livros, revistas e catálogos bem ampla e a iniciativa nasceu quando percebemos que esses materiais tinham tudo a ver com a REA. Então pensamos: por que não compartilhar tudo isso?”, diz Débora Sebriam, coordenadora de tecnologia educativa do Centro Educacional Pioneiro.

Como parte do projeto, no ano passado, Débora, que também integra a equipe REA Brasil, passou a realizar debates-palestras com alunos e professores. “Falamos sobre direitos autorais, fontes de referência eCreative Commons.  Dissemos o que é a REA, quais países estão adotando e até alguns exemplos de trabalhos feitos por alunos”, diz. Embora o conceito exista há dez anos, no Brasil, sua difusão ainda continua sendo um desafio. Segundo Débora, além do Centro Educacional Pioneiro, outros poucos exemplos de escolas que participam dessa prática são os colégios privados Dante Alighieri e Porto Seguro.

Trabalho coletivo

Toda a ideia de colaboração que está por traz dos REA também é aplicada na produção dos materiais. Cada recurso educacional é feito por equipes de até cinco alunos. E o trabalho coletivo é valorizado inclusive no boletim. No colégio 30% das notas finais de cada ano letivo são baseadas nessas produções.

Para angariar novos materiais e conteúdos para os REA, a escola organiza, por exemplo, viagens com os alunos do primeiro ano do ensino médio a cidades do interior de São Paulo. Nelas, eles precisam entrevistar moradores e resolver situações-problema, desafios pré-estabelecidos em sala de aula que precisam ser solucionados como medir a intensidade sonora do município ou até mesmo mapear a quantidade de equipamentos de lazer.

Em 2011, a visita foi a São Luiz do Paraitinga – cidade devastada em 2009 por conta de uma enchente. Nessa viagem, eles conversaram com os habitantes, identificaram as principais diferenças entre as grandes metrópoles e os pequenos municípios e, a partir das vivências, tiveram que realizar catálogos, livros e revistas que serão abrigados no repositório virtual aberto. “Os REA ajudam na construção do conhecimento e na conscientização dos alunos sobre a importância da qualidade dos trabalhos”, afirma Fernando Kawahara, diretor de ensino médio do Centro Educacional Pioneiro.

Para Henrique Akamine Hiray, 15, aluno do 1o ano, o trabalho coletivo contribui para o estreitamento dos laços entre os estudantes e melhora o rendimento escolar. “Os trabalhos em grupo estimulam a convivência. Eles também não focam apenas nos conteúdos para vestibular como outras escolas, pelo contrário, desenvolvem um relação mais próxima entre nós”, afirma.

Hangout Recursos Educacionais Abertos na JOVAED

rea_jovaed-300x169Na noite do dia 05/12, a comunidade REA Brasil e novos interessados em Recursos Educacionais Abertos, tiveram encontro marcado no Hangout REA: Educação, Cultura e Políticas Públicas. A iniciativa fez parte da programação da JOVAED – Jornada Virtual ABED de Educação a Distância que acontece de 27 de novembro a 12 de dezembro.

A JOAVED é um evento totalmente online, gratuito e acontece totalmente online em múltiplas plataformas, como: listas de discussão, ambientes virtuais de aprendizagem, redes sociais, blogs e microblogs, dispositivos móveis, webconferências e mundos virtuais, dentre outras ferramentas.

Nossa proposta para o JOVAED foi apresentar uma introdução e um panorama geral de REA no Brasil, além de, tratar de questões trazidas por todos os participantes do Hangout. Atenderam ao chamado aberto para serem debatedoras, Alice Maria Costa – GPDOC/UERJ – SME/RJ, Débora Sebriam – Instituto Educadigital/Centro Educacional Pioneiro, Gabriela Dias – Consultora Digital, Lilian Starobinas – Escola Vera Cruz, Renata Aquino – PUC/SP e Talita Moretto – Projeto Vamos Ler/Instituto Doll.

Recursos Educacionais Abertos (REA) são materiais de ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer suporte ou mídia que estejam sob domínio público ou licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros. Em suma, os REA incentivam e possibilitam a produção aberta, o compartilhamento de conteúdo, a produção colaborativa e o acesso a materiais didáticos, contribuindo para que professores e todos os interessados numa temática não sejam meros consumidores passivos de um conteúdo fechado. O movimento REA entende que a democratização do conhecimento, por meio do acesso a REA, principalmente aqueles pagos com recursos públicos, deve ser um direito de todos e dever do Estado, que deve primar pela eficiência do investimento público vindo de impostos pagos pelos contribuintes.

Entre as debatedoras um tema forte de discussão foi a questão do “copyright vs licenças livres”. Os depoimentos apontam que novas experimentações são necessárias, tanto no mercado editorial quanto na educação, e que mudanças não ocorrerão do dia para noite. Lilian Starobinas acredita que o próprio governo, que é o maior comprador de livros didáticos do país, poderia estimular novas práticas no mercado editorial oferecendo uma porcentagem de investimento a quem se propor criar novos modelos de negócio, e dessa forma, poderíamos ter um horizonte mais claro sobre o que funciona ou não.

Gabriela Dias lembra que a questão do direito autoral e o infringir ou não direitos é um assunto que não faz parte do dia a dia da maioria das pessoas e com a atual lei de direito autoral seria muito difícil um livro didático ser produzido com uma licença flexível por uma editora. Ainda, segundo Gabriela, parte do mercado editorial não é totalmente refratário a questão do REA, mas acredita que existe inércia e que grandes mudanças passam também pela atualização de todos os profissionais envolvidos. Gabriela e Lilian lembram do novo PNLD, que não deixa de ser um pequeno avanço rumo a democratização do conhecimento e que esse pode ser um primeiro passo na direção de maior flexibilização.

Débora Sebriam diz que a cultura do compartilhamento faz parte do nosso dia a dia e que na prática, um professor não deixará de remixar um material que encontre “gratuitamente” na internet, somente porque não tem uma licença flexível. Ela ainda reforça, que se podemos usar, criar e compartilhar materiais com formatos e licenças abertas, a inovação estará presente e esse sim seria um passo significativo.

Para Renata Aquino, existe um movimento das editoras de se aproximarem dos REA e que o valor dos recursos educacionais abertos já está provado. Para ela, o valor econômico se soma a cultura do compartilhamento, e que muitas vezes, materiais livres têm mais valor que materiais isolados e restritos. A pesquisadora aponta também, que seria interessante não haver uma ruptura e sim uma integração dos materiais gratuitos (porém sem formatos e licenças abertas) e recursos educacionais abertos. Rosália Rocha, que se juntou ao time de debatedoras durante o Hangout, cita que materiais didáticos pagos com dinheiro público deveriam retornar ao público, com acesso aberto e licenças flexíveis.

Lilian Starobinas, Alice Costa e Talita Moretto reforçaram que os trabalhos realizados em conjunto por professores e alunos, podem ser grandes produções colaborativas, que se compartilhadas, podem servir de inspiração para outros trabalhos. Alice Costa lembra também a questão do desconhecimento, muitas vezes os professores não sabem “o como fazer” e boas produções que ocorrem dentro da escola não são compartilhadas. Talita Moretto cita os professores que perceberam os benefícios de se compartilhar material didático em rede, pela possibilidade da troca e do aprimoramento que essa ação gera.

Veja a transmissão completa e as outras colocações das debatedoras.

Saiba mais em REA Brasil

Participação no Simpósio Hipertexto: REA

simposiohipertextoO Projeto REA Brasil participou de uma mesa-redonda na 4ª edição do Simpósio Hipertexto e Tecnologias na EducaçãoA Profª Ms. Débora Sebriam – Instituto Educadigital/REA Brasil, Prof.  Dr. Ricardo Amorim – FACAPE/UNEB e Anderson Duarte – Diretor Executivo do Redu, trouxeram suas impressões e a questão das políticas públicas para REA teve destaque na discussão com a plateia.

Os áudios de mesas-redondas do Simpósio Hipertexto se transformaram no projeto #PodcastHipertexto. A série de abertura é sobre Recursos Educacionais Abertos (REA). Ouça e compartilhe!

Fonte: REA Brasil e NETHE

Instituto Educadigital e Projeto REA Brasil no 4º Anuário ARede de Inclusão Digital

ARede-222x300Priscila Gonsales e Débora Sebriam do Instituto Educadigital estiveram presentes no Prêmio ARede de Inclusão Digital para prestigiar os vencedores da edição 2012 e o lançamento do 4º Anuário ARede de Inclusão Digital. A publicação retrata iniciativas de todo o país, realizadas pelo terceiro setor, setor privado e sociedade civil organizada.

O Instituto Educadigital é desde 2011 a instituição responsável pelo Projeto REA Brasil, coordenado por Priscila Gonsales e Bianca Santana. O Projeto REA Brasil é uma das iniciativas retratadas no Anuário ARede de Inclusão Digital 2012/2013.  O texto aborda as recentes conquistas do movimento REA no Brasil, como o Decreto do município de São Paulo, em que, a Secretaria Municipal de Educação instituiu licenciamento de toda a produção de material didático em Creative Commons, a chegada da proposta também para o Estado de São Paulo em 2011 e o PL Federal. Os eventos regionais que buscam empoderar professores, gestores públicos, advogados, analistas de sistema, etc, para levar REA para outros estados do Brasil tiveram destaque. O recente livro Recursos Educacionais Abertos: práticas colaborativas e políticas públicas, organizado por Bianca Santana (Instituto Educadigital/Casa de Cultura Digital), Carolina Rossini (Projeto REA Brasil/GPOPAI-USP) e Nelson Pretto (UFBA), que trata da questão da educação aberta e dos recursos educacionais abertos também foi citado.

Veja a íntegra do Anuário e confira o texto nas páginas 58 e 59 aqui.

REA foi tema de encontro para acadêmicos da UniBrasil

Dep. Angelo Vanhoni e Débora Sebriam

Dep. Angelo Vanhoni e Débora Sebriam

As Faculdades Integradas do Brasil e o projeto REA realizaram, de 24 a 26 de setembro, a Semana de Estudos Interdisciplinares sobre Recursos Educacionais Abertos. O evento, voltado para os acadêmicos dos cursos de Educação Física, Pedagogia e Sistemas de Informação, trouxe para a palestra de abertura o Deputado Ângelo Vanhoni, que falou sobre “A discussão política sobre REA”, e uma das  coordenadoras do Projeto REA Brasil, Débora Sebriam, que abordou o tema “REA: conceito, uso, criação e compartilhamento”.

Com auditório cheio no primeiro dia de evento, praticamente 100% dos discentes e docentes presentes nunca haviam ouvido falar sobre REA, mas ao longo da conversa todos acabam percebendo que conhecem alguns espaços e têm como práticas pedagógicas ações que se apoiam ou que poderão vir a se apoiar em REA.

Débora Sebriam, do REA Brasil abriu o evento dando uma palestra introdutória sobre o assunto, discutindo sobre o conceito e a importância de REA, domínio público, licenças e formatos abertos, direitos autorais, repositórios do MEC, professor como autor de conteúdo e a necessidade do acesso a uma educação de qualidade por todas as pessoas e também com a participação das pessoas.

O Deputado Ângelo Vanhoni contou um pouco sobre o encontro relacionado aos recursos educacionais abertos, que aconteceu na sede da UNESCO, em Paris, com a participação de representantes de diversos países. Segundo ele, a experiência já está se consolidando na Inglaterra, na Califórnia e em outros estados americanos. “No Brasil tramitam projetos na Câmara dos Deputados a fim de garantir que as compras realizadas pelo estado brasileiro tenham conteúdos que estejam disponibilizados em rede livre, oportunizando a todos utilizar e contribuir para a produção desses conteúdos a fim de desenvolver a educação em todo território nacional”.

O deputado também comentou sobre a inclusão de REA em algumas metas do Plano Nacional de Educação que recentemente foi enviado ao Senado, além de refletir sobre o percurso que ainda temos pela frente. Não será fácil aprovar uma lei sobre REA devido a pressão que sofreremos das grandes corporações, mas temos que continuar a debater essa questão e envolver cada vez mais atores da sociedade civil para que se apropriem e disseminem REA. Angelo chama a atenção para as licenciaturas das universidades brasileiras e questiona o que exatamente vem se falando sobre REA nos cursos de formação de professores.

Copie, remixe e use as apresentações seguintes REA: conceito, uso, criação e compartilhamento e Políticas Públicas no Brasil

Experiências Nacionais de REA

A 2ª noite de evento foi marcada por políticas públicas em tecnologia educacional no Paraná na apresentação da profa. Cineiva Paulino e algumas experiências de REA no Brasil com Mary Lane Hutner, professora da UniBrasil, que falou do projeto Folhas e Livro Didático Público, um projeto de Política Educacional implementada no estado do Paraná (2003-2010) com o objetivo de disponibilizar Recursos Educacionais Abertos.

O projeto Folhas é basicamente um processo de formação continuada dos professores, por meio da produção colaborativa de textos de conteúdos pedagógicos,  que  constituíram material didático para os  alunos e apoio ao trabalho docente. Devido a uma demanda da época (a compra de livros didáticos para o ensino médio), do Projeto Folhas acabou nascendo a ideia do Livro Didático Público que é composto basicamente de:

  • Texto de apresentação para cada conteúdo estruturante
  • Os Folhas partem de um problema e são  escritos com base em referência bibliográfica específica da disciplina, numa linguagem que busca contextualizar o conteúdo e fazer relações interdisciplinares.
  • Atividades de pesquisa e debates

Débora Sebriam, apresentou alguns projetos REA no Brasil, como o Portal do Professor, Domínio Público, Educopédia, Centro de Referência Paulo Freire, Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, Biografia colaborativa da Lea Fagundes e seus detalhamentos quanto a formato e licenciamento, além de publicação de material pelos professores em alguns desses espaços.

Talita Moretto, coordenadora de Programa Jornal e Educação (Projeto Vamos Ler / Jornal da Manhã) e professora de Mídias Digitais, trouxe sua experiência com recursos educacionais abertos, tecnologias digitais e uso de mídia na educação.  Para Talita, saber como utilizar os conteúdos é imprescindível antes de começar a publicar. É importante abordar a legalidade quanto ao que fazemos dentro dessas mídias. Ainda é pouco falado e considerado o direito digital e as pessoas se confundem sobre o que é “compartilhar”e o que é “se apropriar” de conteúdo de terceiros. Então, ao explicar sobre as leis que fiscalizam o mundo virtual falei sobre o Creative Commons e, consequentemente, sobre o REA. Nenhum aluno conhecia. Mostrei como funcionava o CC e, inclusive, levei materiais licenciados para eles perceberem que realmente existe.  O REA é o caminho para melhorar a educação de todos quanto à ética de uso e o bom senso, além de saber que é um material de qualidade diante de tantas coisas que encontramos sem curadoria na rede.

O evento terminou na noite do dia 26, com Awdrey Miquelin (UTFPR), falando sobre o papel do conhecimento tecnológico e a prática educacional em sala de aula e Antônio C. C. Marques (SEED-PR), que falou sobre Educação, tecnologia e software livre.

Leia mais sobre a abertura do evento em UniBrasil.

Veja aqui alguns materiais complementares:

Segurança e Ética na Internet: escolas interativas e famílias participativas

Palestra ministrada aos pais dos alunos dos 5º anos do Ensino Fundamental I ao 3º ano do Ensino Médio e professores do Ensino Fundamental II do Centro Educacional Pioneiro em continuação ao Projeto Comportamento, Segurança e Ética na Internet que criei e coordeno desde 2011.

Nosso objetivo foi oferecer um feedback sobre os debates realizados com todos os alunos dos 5º anos do ensino fundamental I ao 3º ano do ensino médio e oferecer informações básicas de como os pais podem orientar melhor os seus filhos.

Além disso, focamos no trabalho pedagógico do laboratório de Tecnologia Educacional e a integração não somente das questões de comportamento e segurança na web, mas também o uso do nosso sistema Webclasses e a integração recente de temas como Recursos Educacionais Abertos e Direito Autoral no desenvolvimento de nossos trabalhos.

Esperamos com essas ações integradas oferecer todas as ferramentas existentes aos alunos, estimulando o debate, a criticidade e a livre escolha.

Oficina Recursos Educacionais Abertos – Educaparty

Aconteceu no Educaparty, dia 09/02, a Oficina Recursos Educacionais Abertos: como usar, criar e compartilhar, promovida pelo Instituto Educadigital (IED), liderada por Bianca Santana – Diretora de Educação do IED e da Casa de Cultura Digital e por Débora Sebriam do IED e do Projeto REA-Brasil. A oficina começou com uma dinâmica e com uma rodada de apresentações dos participantes e constatou-se que a maioria dos estados brasileiros estavam ali representados. A oficina também contou com a presença de integrantes da comunidade REA-Brasil, como Carolina Rossini, Tel Amiel e Andreia Inamorato.

Na dinâmica inicial, Bianca Santana provocou os participantes a se posicionarem em uma linha de concordância ou discordância sobre a afirmativa: “autoria é sinônimo de propriedade”. A grande maioria dos presentes se posicionou contrário a afirmativa. Alguns se pronunciaram explicando que a Internet promove colaboração e que tais palavras não deveriam ser vistas como sinônimos. Já outros, afirmaram que o direito do autor deve ser reconhecido – com o que a todos concordaram. Um último participante trouxe conceitos, diferenciando propriedade de direito de autor, para este a propriedade vincula-se a bens materiais e não para bens imateriais.

Após a dinâmica inicial, o conceito REA da Unesco foi apresentado por Débora Sebriam e alguns dos presentes tomaram a palavra para ressaltar a necessidade de formatos abertos para a elaboração e compartilhamento de Recursos Educacionais Abertos.

As 6 licenças Creative Commons disponíveis e validadas juridicamente no Brasil foram apresentadas explicando-se o funcionamento de cada uma delas. Essa apresentação foi seguida pela discussão dos impactos de escolha de cada licença. No Commons do conhecimento o autor sempre existe, mas também se reconhece que muito do conhecimento produzido por aquele autor vem de uma construção sobre o conhecimento social.

Duas questões práticas foram colocadas ao grupo:

  • como escolher uma licença do Creative Commons
  • como utilizar ferramentas de busca avançadas, como a do Google, para encontrar materiais licenciados abertamente

Após a discussão inicial sobre o conceito e licenciamento aberto de materiais educativos, o grupo realizou um exercício prático no site do Creative Commons e decidiu-se licenciar um plano de aula hipotético. Após responder às duas perguntas básicas, a licença escolhida pelo grupo no exercício foi a CC-BY-NC-SA ( Atribuição – Uso não comercial – Compartilhamento pela mesma Licença) uma das licenças mais restritivas. Uma discussão foi iniciada sobre os impactos da licença, as dificuldades de interoperabilidade legal com outros projetos REA e a perda de oportunidade de ganhos indiretos com licencas como a CC-BY advindas do ganho de notoriedade, fato que resultou um repensar a licença, motivando as pessoas a escolherem licenças mais abertas.

Licenças e compartilhamento continuaram em pauta com uma reflexão sobre o conteúdo do Portal do Professor, Banco Internacional de Objetos Educacionais, Portal Domínio Público e Connexions.

Ao final, os participantes tiveram oportunidade de dar seu depoimento respondendo a pergunta: o que eu faço na minha prática cotidiano tem a ver com REA? Muitos educadores já compartilhavam suas obras criativas na web, entretanto muitos deles, não conheciam REA e as possibilidades de licenciamento abertos e saíram da oficina empolgados com a possibilidade de colher os frutos de publicar REA.

A oficina foi marcada pela participação constante dos presentes, num debate aberto extremamente rico e foram presenteados pelo Instituto Educadigital com exemplares impressos do Caderno REA para professores e do folder REA.

Confira uma apresentação preparada para a oficina.

Fonte: Blog REA e Educarede

Créditos: imagem1 e imagem2

Educaparty vem aí!!!

A Campus Party – um dos maiores eventos de tecnologia chega em sua 5ª edição no Brasil com uma grande novidade: o evento Educaparty.

O Educaparty, que teve sua primeira edição em Valência, na Espanha, é um movimento que visa aproximar a educação dos avanços das recentes inovações em tecnologias digitais. A Fundação Telefônica/Vivo vai levar um grupo de educadores, especialistas, pesquisadores, gestores e universitários das mais variadas cidades brasileiras para vivenciar a intensa programação da Arena e da Área Expo e também participar de uma programação diferenciada, especialmente elaborada para esse público. Professores de sala de aula, gestores técnicos e especialistas na área de Educação e Tecnologia terão a oportunidade de juntos apreciar as atividades e compartilhar suas experiências e desafios durante o evento.

O Educaparty também terá sua própria grade de programação com conteúdos e atividades relacionadas à Educação na Cultura Digital, além de momentos de integração entre os participantes desse movimento.

O evento contará com a presença de Sugata Mitra na sua abertura. Sugata é físico por formação e pesquisador de redes neurais, é uma das personalidades mais originais no campo da educação tecnológica. Desde 1999, desenvolve o projeto Hole in the Wall que tem como objetivo demonstrar os dons inatos de crianças no desenvolvimento de competências em TIC. A iniciativa consiste em instalar computadores nas ruas do interior Índia e de outros países em desenvolvimento e permitir o acesso livre para menores de idade. Professor da Universidade de Newcastle, na Inglaterra, Sugata Mitra diz que as crianças envolvidas no experimento não só aprenderam a usar computadores de uma forma intuitiva, mas melhoraram significativamente seu desempenho acadêmico.

Cultura Livre, professor hacker, games, celulares, mobilidade, participação social, novos espaços de educação, uso responsável da web, inclusão, recursos educacionais abertos, todos estes temas você encontra nos debates e oficinas do Educaparty com a mediação de grandes especialistas das áreas!

Parabéns a toda equipe do Instituto Educadigital (do qual eu faço parte com muita alegria e orgulho) pelo excelente trabalho na curadoria deste super evento!

Eu e a Bianca Santana mediaremos uma oficina sobre Recursos Educacionais Abertos dia 09/02 no Stand de relacionamento da Telefônica. Se você não está no Educaparty, em breve o Instituto Educadigital vai disponibilizar a íntegra da oficina 🙂

Programe-se: de 07 à 10 de fevereiro de 2012, no Anhembi Parque – São Paulo.

Saiba tudo sobre o Educaparty no Portal Educarede.

Redes Sociais Digitais: como a escola pode (e deve) incorporar esta nova plataforma

As redes sociais digitais são hoje um dos meios mais utilizados na comunicação entre os jovens e adolescentes. Munidos de aparelhos mobile, tablets e computadores, eles trocam informações sobre a agenda escolar e compartilham as atividades dos grupos de estudos. Mais fluentes nesta linguagem que a escola e os professores, os estudantes precisam, no entanto, de mediação que imprima um caráter mais ético e cidadão à experiência. É um novo papel a ser incorporado pelas escolas, que a partir do fenômeno das redes digitais vê a aprendizagem extrapolar, de vez, o espaço da sala de aula.

Não se trata de modismo nem de querer demarcar um diferencial mercadológico sobre a concorrência. O uso das redes sociais digitais pelas escolas tornou-se uma necessidade e mesmo as instituições que ainda não pensaram sobre a questão, podem se preparar, pois, cedo ou tarde, terão que se render ao fato de que jovens e adolescentes se comunicam cada vez mais através de celulares, tablets, de computadores pessoais e com os da própria mantenedora. Por meio das redes, eles compartilham experiências, preferências, dão dicas de jogos, vídeos, músicas, reportagens e imagens. Aproveitam ainda para confirmar as lições escolares, agendar atividades em grupo, trocar informações sobre os trabalhos, distribuir textos, expressar opiniões e expor dúvidas.

“O aluno está numa situação de tecnologia que lhe permite se conectar a qualquer momento, eles próprios trazem portáteis conectados”, anota a coordenadora do Departamento de Tecnologia Educacional do Colégio Dante Alighieri, Valdenice Minatel Melo de Cerqueira. Comemorando seu centenário neste ano e com mais de quatro mil alunos, o Colégio está todo conectado à internet por meio de rede Wi-Fi, incluindo as salas de aula. Está iniciando também um processo de distribuição de tablets aos estudantes do Ensino Médio, em forma de comodato.

Mestre e doutoranda em novas tecnologias aplicadas à educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professora de pós-graduação na Universidade Mackenzie, Valdenice lidera uma equipe no Colégio Dante que tem a função de formar professores, promover a sinergia entre suas propostas pedagógicas e a aplicação desses recursos, bem como mediar o uso desses canais na aprendizagem e nos projetos interdisciplinares dos alunos. Implantado há pouco mais de dez anos, o Departamento tem auxiliado a comunidade escolar a construir uma nova postura digital, tanto para o uso pedagógico das ferramentas e quanto para as relações interpessoais.

Para outra professora especializada na área, Débora Sebriam, do Centro Educacional Pioneiro de São Paulo, o grande diferencial que as redes sociais digitais potencializaram sobre a tecnologia de informação foi a possibilidade de interação “de pessoas com as pessoas e não de pessoas com as máquinas”. Segundo Débora, as redes sociais digitais são hoje o recurso mais utilizado pelos alunos como forma de comunicação com o grupo. “É um meio natural para eles, pois se sentem muito mais à vontade, é uma comunicação mais dinâmica, participativa e que permite a interação. Eles se colocam mais que na sala de aula, expõem a opinião sem medo de retaliação, pois consideram as redes um espaço mais amigável.” Assim, elas “agregam bastante no contato, na aproximação com o aluno e no próprio processo pedagógico”, acredita Débora, responsável pela Tecnologia Educativa do Pioneiro e mestre em Engenharia de Mídias.

Três razões para aderir às redes

O engajamento das escolas se encontra ainda em fase embrionária, avalia Eduardo Cardoso Junior, diretor de Tecnologia Educacional do Grupo Aymará, engenheiro eletrônico pós-graduado em Teleinformática e em Gerência de Projetos. Mas segundo ele, não haverá como fugir das novas plataformas. “A escola está buscando informações sobre isso, está sentindo necessidade de entender, porém ela ainda tem um pouco de medo da exposição.” Conforme Eduardo, há, na verdade, três fortes motivações para a adesão: “As redes sociais facilitam a comunicação, proporcionam aprendizagem colaborativa e oferecem oportunidade para exercitar a ética e a cidadania digital. Essa é a mais importante, porque o aluno já está na rede, o que leva a escola a ter que incorporar um novo papel, que está dentro das competências do século XXI. Talvez a escola nunca tenha tido uma ferramenta que facilitasse tanto a comunicação aluno – aluno, aluno – professor. Por exemplo, há uma dinâmica única para a discussão histórica no Twitter, ferramenta que está mais próxima do dia a dia do aluno, que faz com que ele reflita sobre o que está escrevendo. Ou seja, quando a escola adere às redes, ela cria espaço e oportunidade para um uso crítico, nisso ela exerce a função de formar ética e criticamente o aluno.”

Entre as escolas que aderiram, observam-se dois principais movimentos: um mais espontâneo, de iniciativa do professor ou de um grupo de estudantes, outro institucional. No Dante Alighieri, há perfis oficiais e também de grupos de estudos e de projetos extracurriculares publicados no Facebook. O Pioneiro, por sua vez, ainda não aderiu de maneira institucional. Mas alunos e professores acabaram criando seus espaços em redes como o Facebook. Também no Colégio Joana D’Arc, localizado no bairro do Butantã, em São Paulo, docentes e alunos criaram perfis na rede, por iniciativa própria. É o caso do professor de História Rodrigo Abrantes da Silva, que vem mediando o Grupo Paratodos, do 3º ano do Ensino Médio, no Facebook. A previsão era encerrar a experiência ao final do mês de novembro, mas os alunos pediram que se mantivesse a página aberta, mesmo que inativa.

Professor curador e mediador

O foco deste grupo é o ensino de História, com a publicação de textos, vídeos e comentários, sob a moderação do professor. Mas qualquer um dos 33 alunos inscritos no grupo pode publicar o material que quiser. “É um ambiente virtual onde disponibilizo e desdobro materiais trabalhados em aula ou onde também surgem questões que retomo em aula.” Rodrigo observa que a experiência gera reflexos positivos sobre os trabalhos em sala de aula, “pois você sai de um modelo de educação centrado na relação vertical e vai para o modelo de rede, a informação vai se disseminando e isso mobiliza no aluno mais motivação para o aprendizado”. As regras de uso não estão expressas em papel, mas, segundo Rodrigo, “existe uma ética, nunca tive que fazer intervenção, pois desde o princípio ficou claro qual seria a finalidade do grupo”. O professor fica conectado o tempo todo, recebendo publicações via celular.

O fenômeno projeta outro papel e demanda mais disponibilidade dos docentes. Para Eduardo Cardoso, do Grupo Aymará, o professor se transforma em “mediador do debate e curador do conteúdo”, no sentido que ele deve “organizar, orientar e zelar” pelos interesses da aprendizagem. Valdenice Minatel, observa, por sua vez, que “o professor está se reinventando para trabalhar isso em sala de aula e quando se sentir pronto, ainda correrá o risco de ser superado por outra nova tecnologia”. Valdenice propõe trazer o próprio aluno para deixar sua contribuição, já que ele tem mais disponibilidade para desenvolver fluência em mídias digitais. Ao professor, comenta, fica a dica de procurar entender e explorar a “essência de cada ferramenta, como o Twitter, que com seus 140 caracteres mobiliza diferentes habilidades, como o poder de síntese e a melhora da argumentação, o que traz reflexos positivos, por exemplo, na Matemática”.

Cuidados e mudanças indispensáveis

Caso não haja esse envolvimento, a adesão às redes corre o risco de ficar ”no oba oba” e, em lugar de favorecer a aprendizagem, “aprofundar alguns problemas que podem sim ser gerados por elas, como a invasão de privacidade, a confusão entre o público e o privado, o imediatismo, a extinção do tempo de esperar para falar, a falta do convívio mais presencial, a ausência de construção argumentativa e de sentido. Afinal, o que nos acrescenta simplesmente publicar que ‘vou comer’? Não podemos banalizar esse mural”, pondera Valdenice. Nesse sentido, Débora Sebriam deixa um alerta aos professores: é preciso cuidado para não confundir perfis pessoais, que expõem fatos de sua vida privada, com o profissional. Também nas páginas coletivas não deve haver espaço para brincadeira, sugere Débora, questionando “quais seriam as consequências de se falar uma besteira em grupo”?

Isso não significa, por outro lado, que deve haver controle sobre o que pode ou não ser publicado, sob pena de prejudicar o caráter colaborativo das redes. Os especialistas concordam, porém, que deve haver diretrizes para este uso, discutidas e definidas coletivamente. “Pode até ser em documento impresso, desde que se mantenha aberto e colaborativo, pois ele deve se adaptar conforme acontecem as mudanças”, pontua Débora. No Dante Alighieri, o Departamento de Tecnologia coordena o projeto e-Cidadão, que através de palestras, fóruns, publicações etc., voltadas a alunos, professores e demais funcionários, promove a “formação para uso ético e seguro da internet”, afirma Valdenice Minatel.

De qualquer forma, a partir do momento em que está na web, em rede, a troca de informações de um grupo deve ser acompanhada por um mediador, em geral, o professor, o qual precisaria de uma disponibilidade mínima de três horas diárias para atender a essa nova demanda, observa Débora Sebriam. Um único grupo no Facebook, segundo ela, exige no mínimo o acompanhamento de uma hora diária, o que deixa outro grande desafio às escolas e professores: “é necessário organizar de outra forma o trabalho docente”. Segundo Débora, “o próprio professor precisa perceber que o sistema hora/aula não cabe mais nessa nova realidade”.

*Artigo publicado na Revista Direcional Escolas – Edição 74 – dez 2011.

Texto de Rosali Figueiredo

Entrevista ao Zuggi

Compartilho com vocês entrevista dada ao blog Zuggi e como sempre estou aberta a sugestões e críticas 🙂

Parte 1 – falo sobre tablets, segurança na internet e Recursos Educacionais Abertos.

1) Como as novas tecnologias podem contribuir para a educação dos alunos?

A tecnologia sozinha não muda nada. Sem mudarmos o modelo autoritário e unilateral que perdura há tempos na educação, o que ocorrerá é uma extensão do meio tradicional de ensino também para o “meio tecnológico”. Temos que ter em mente que a tecnologia potencializa as relações humanas e as trocas advindas desta relação é que gera o conhecimento e não propriamente o uso de uma tecnologia específica.

A educação é (ou deveria ser) um processo que dura toda a vida e não somente os anos obrigatórios de escola. A tecnologia na escola permite fazer essa ponte, trabalhar com os conteúdos de forma mais dinâmica, gerar o protagonismo dos alunos, possibilitando a interação entre eles e professores dentro e fora dos muros da escola, dando significados reais ao cotidiano e não somente para um fim específico que “morre” ao término do trabalho.

2) Sabemos dos perigos da internet para a formação e informação dos alunos. Quais cuidados um professor deve ter para utilizá-la em sala de aula?

Este é um tema super importante e muitas vezes esquecido ou simplesmente ignorado pelas escolas, acredito que isto ocorre devido a falta de informação e de um consenso sobre de quem é este papel, família ou escola? Eu diria que a responsabilidade é de todos. Acho que o tema sobre uso seguro da internet e telas digitais deveria ter lugar privilegiado nas instituições de ensino, assim como, penso que as famílias têm que despertar para a importância de orientar seus filhos e não transferir a responsabilidade toda para a escola. Mas como educar para o bom uso das telas digitais quando não sabemos como intervir, seja por falta de formação ou conhecimento sobre o assunto? Vou tentar dar algumas dicas baseada na minha experiência.

Atualmente, desenvolvo no Centro Educacional Pioneiro o projeto Comportamento, Segurança e Ética na Internet. Este projeto teve início em abril de 2011 e está estruturado em 3 fases:

  • Fase 1: sensibilização (debates com alunos, professores e pais)
  • Fase 2: produção de conteúdo (alunos autores criarão cartazes, folders, blogs, vídeos, sites e todo tipo de mídia da ESCOLHA DELES)
  • Fase 3: disseminação (estamos estudando licenciar todo material em Creative Commons e compartilhar na rede)

Nós completamos a fase 1 este ano, integrando e chamando a participação toda a comunidade escolar: alunos, professores e famílias! Esta fase se baseou no debate, eu trouxe exemplos e questões norteadoras adequadas a cada faixa etária, nesta fase todos tinham o direito a palavra, a esboçar suas opiniões, o conhecimento foi construído colaborativamente. Vejam que é muito diferente de dar uma palestra, nosso processo não é unilateral e nem centralizador, ele é baseado no grupo e no compartilhamento!

Nestas dinâmicas que chegaram a durar 3 horas seguidas sem que ninguém sequer esboçasse vontade de ir embora, nós falamos sobre alguns temas gerais como:

  • Compartilhamento de dados pessoais,
  • Privacidade,
  • Mundo real x mundo virtual,
  • Comportamento nas redes sociais,
  • Compartilhamento de imagens e vídeos,
  • Videogames e games online,
  • SMS,
  • Sexting,
  • Uso da Webcam,
  • Ciberbullying,
  • Cidadania online.

Para introduzir todos estes assuntos pesquisei os “memes” e “virais” que os alunos tanto falam pelos corredores, editei um vídeo com as pessoas (crianças, adolescentes e adultos) que caíram nas redes por descuido ou vontade própria e trabalhamos com exemplos práticos que ocorreram nas redes sociais e que são conhecidos de todo adolescente conectado. Fizemos o exercício de nos colocar no lugar do outro e pensar sobre nossos sentimentos em relação às situações abordadas para trabalhar questões como respeito, ética e solidariedade, assim como falamos das vantagens e perigos ocultos nas interfaces e ferramentas mais usadas por eles.

Para chegar a este modelo consultei materiais pré-fabricados que trazem informações gerais e que aconselho a todos que precisam de informações iniciais sobre o assunto, como:

Cartilha da Safernet: http://www.safernet.org.br/site/prevencao/cartilha/safer-dicas

Internet Responsável: http://www.internetresponsavel.com.br

Cartilha da OAB: http://www.oabsp.org.br/comissoes2010/crimes-alta-tecnologia/cartilhas

Criança mais Segura: http://www.criancamaissegura.com.br/cartilhas.php

Proyecto Centinela: http://www.proyectocentinela.com/

Pantallas Amigas: http://www.pantallasamigas.net/

Acho que não existe receita de bolo, faça uma pesquisa inicial com seus alunos, descubra as redes e ferramentas que usam e participam, descubra com eles o que é assunto no momento e porque eles se interessam por eles, trace o perfil sobre quem é seu aluno no mundo digital e o que eles consomem e produzem, integre-se! Acho que este é o melhor ponto de partida.

3) Já existem escolas nos EUA que aboliram os livros didáticos, ou melhor, colocaram todos eles nos tablets  dos alunos. Você acredita que isso se tornará uma tendência aqui no Brasil também? Os livros de papel se tornarão peças de museus?

Essa parece ser uma tendência não somente para o Brasil, mas para a grande parte dos países. A Índia, por exemplo, anunciou há algumas semanas tablets muito baratos para serem distribuídos nas suas escolas, já no Brasil, o governo prometeu isenções fiscais significativas para facilitar o acesso. Apesar de facilidades de acesso estarem em prioridade, quando se trata de livro didático acredito que no Brasil as duas versões vão coexistir por muito tempo ainda, nós ainda “precisamos” do papel.

Uma questão importante também quando pensamos em livro é pensar na produção destes materiais. As grandes editoras brasileiras estão trabalhando para oferecer versões digitais com alguns recursos adicionais de seus livros impressos, mas pelo menos por enquanto, não sinto que estão descartando a venda de material impresso.

Outro ponto importante é que não deveríamos ser meros consumidores de material didático, eu acredito e aposto na produção colaborativa de professores e alunos. Imagine escolas que compartilham e remixam seus próprios materiais educacionais para atender suas demandas internas e regionalidades, fortalecendo o acesso e a distribuição do conhecimento e da cultura livre? Estou falando aqui da filosofia dos Recursos Educacionais Abertos, que são basicamente quaisquer materiais educacionais que possam ser alterados, remixados e compartilhados livremente por qualquer pessoa, incluindo professores e alunos, que podem deixar de ser meros consumidores de informação para se tornarem autores e contribuidores na produção e disseminação do conhecimento.

Parte 2 – falo sobre meu “modelo ideal” de escola e como é possível implementar as novas tecnologias dentro da sala de aula com a ajuda dos próprios alunos.

1) Você acha que um professor que hoje em dia não utiliza a internet em sua metodologia de ensino está defasado em relação aos outros?

Eu acredito que não usar tecnologia como meio pedagógico é estar ignorando o mundo como ele é fora dos muros da escola! Pensemos nas nossas ações, no nosso trabalho, a forma como pagamos nossas contas e fazemos compras, nas novas formas de comunicação, todas essas pequenas ações são mediadas pela internet e por diferentes telas digitais (computadores, celulares, videogames, tablets). Para muitas crianças, a escola é o local onde dão seus primeiros passos no mundo digital e a habilidade de entender e usar a internet também como meio de aprender e compartilhar é essencial em tempos de cultura digital. Eu concordo com o argumento que em nível de políticas públicas efetivas para a educação e o provimento de educação continuada é ineficiente, de fato. A formação para uso de tecnologia na escola está longe do ideal, mas não podemos nos esconder atrás do rótulo: “estão me obrigando a usar tecnologia na escola e eu não tenho nada com isso”. Não é só o professor que tem novas demandas no trabalho, o caixa do supermercado, o bancário, o atendente da padaria, todas as classes trabalhadoras têm novas exigências em relação ao trabalho e a adoção de tecnologia.

2) Como seria, em sua opinião, o modelo ideal de escola e ensino?

Não existe (ou não deveria existir) receita de bolo, vivemos em um país de proporções continentais e as regionalidades e limitações de cada local devem ser levadas em conta e superadas.

Acredito em alguns pontos básicos que poderíamos chamar de “diretriz comum”. A escola ideal pra mim é aquela que valoriza seu aluno como protagonista, é a escola em que o professor não é mais o centro do conhecimento, é a escola em que professores e alunos são parceiros na construção da aprendizagem, a responsabilidade é compartilhada e todos encontram seu papel.

3) Para as escolas que ainda não introduziram as ferramentas tecnológicas em seus programas pedagógicos, quais seriam os primeiros passos para que elas comecem a utilizar tecnologia para o aprendizado de seus alunos?

Existe uma diferença enorme entre ter tecnologia na escola e usar tecnologia na escola como meio pedagógico. O simples uso de tecnologia sem mudanças metodológicas não resultará em inovação e pouco vai adicionar ao processo de aprendizado.

Muitas vezes reclamamos que na nossa escola não temos apoio técnico, que é difícil “domar” a máquina, mas acredito que é preciso ter em mente que a escola está cheia de “experts”, que sabem resolver alguns problemas ou que se sentiriam extremamente desafiados a buscar soluções: seus alunos! Mais uma vez retornamos à ideia de alunos e professores trabalhando juntos na resolução de desafios, na construção do conhecimento e na participação ativa no processo educativo.

Também já comentamos que nem sempre recebemos formação continuada para nos aventurarmos por campos desconhecidos, como o uso pedagógico das novas tecnologias e das telas digitais. Existe solução? Existe!

Os novos processos comunicacionais e o aprendizado descentralizado que a internet proporciona pode ajudar você, professor, e tomar pouco tempo da sua rotina diária! Você ainda pode não ser um especialista na inovação de seus processos metodológicos com uso de tecnologia, mas pense bem, você certamente é um usuário. Provavelmente você tem e-mail, já viu ou pesquisou um vídeo no Youtube, usa algum comunicador instantâneo para falar com seus parentes e/ou amigos distantes, participa de alguma rede de relacionamento como Orkut ou Facebook. Todas estas redes são habitadas também por outros educadores que tentam tirar proveito delas para aprender e também ensinar. Estes educadores compartilham em rede seus acertos e erros e colaborativamente buscam melhorar. Experimente fazer parte destes grupos de pessoas que vêm de todos os cantos do país, vou citar algumas boas possibilidades das quais participo:

  • Grupo de Estudos Educar na Cultura Digital: já reúne mais de 2000 educadores que aprendem em rede, formando um verdadeiro coletivo virtual de educadores. Você pode participar pelo ambiente interativo do grupo, pelo Twitter, Youtube e Orkut.
  • No Facebook existem grupos fantásticos e super ativos que discutem tecnologia e educação como: A Cultura Digital e a Formação de Professores, Recursos Educacionais Abertos, Filtros Educação & Aprendizagem XXI, entre outros.
  • No Twitter você pode seguir hashtags como #ECDigital, #eadsunday, #culturadigital #reabr
  • Portal Educarede Brasil: você encontra uma infinidade de exemplos de projetos bem sucedidos desenvolvidos por professores como você, além de uma vasta biblioteca de recursos que podem ajudar a sua aula e também oferta de cursos online.

Os professores e escolas não estão sozinhos nesta caminhada, além destes espaços existem inúmeros outros que você vai descobrindo conforme navega e conforme se relaciona com seus pares.